Indicador preocupante

Jornadas de trabalho cada vez mais extensas. Medo provocado pelas ondas de demissões e enxugamento de pessoal. Alta competitividade exigindo profissionais multifuncionais. Falta de valorização. Pressão dos superiores. Situações como estas têm se tornado recorrentes no mercado de trabalho, o que vem afetando diretamente a motivação e a satisfação dos profissionais, levando-os, consequentemente, ao esgotamento físico e mental, conhecido por estresse. Entre janeiro e agosto deste ano, a Previdência Social concedeu 3.941 auxílios-doença acidentários a trabalhadores com transtornos neuróticos e relacionados ao estresse. No mesmo período de 2010 foram 3.323 casos, o que representa um aumento de 18,6% do último ano para cá.

Para a especialista em estresse ocupacional e presidente da ISMA-BR, Ana Maria Rossi, o aumento de registros é um indicador bastante dramático. “Todos os fatores que perpetuam estes adoecimentos não são problemas atuais. O empresariado, inclusive, está bastante consciente das perdas que têm pelo adoecimento dos seus trabalhadores. No entanto, ele não faz uso dos resultados das pesquisas científicas já feitas sobre o tema para criar um antídoto para o problema”, constata.

Já na opinião do médio do Trabalho Arthur Motta, o alto índice de concessões acidentárias é reflexo do ainda acanhado interesse da sociedade em saúde mental. “O tema apresenta uma série de subjetividades que faz com que ela seja relegada a segundo nível. Mas, a divulgação e o conhecimento técnico dos profissionais de saúde têm contribuído para a mudança deste cenário. Além disto, creio que ainda exista uma subnotificação reprimida”, aponta Motta.

Satisfação

De acordo com pesquisa da ISMA-BR, pessoas que se sentem insatisfeitas ou desmotivadas no ambiente de trabalho têm 80% mais chances de adoecer do que quando atuam com satisfação.

Respeitar os limites dos trabalhadores e desmistificar a ideia de que é positivo ter profissionais “multitarefeitos” no quadro de funcionários são algumas das medidas que podem coibir o avanço dos registros de estresse entre os colaboradores. “Se o funcionário é contratado para trabalhar oito horas, este tempo tem que ser respeitado. Agora, se houver uma crise, algum serviço que exija um tempo a mais de trabalho, é importante que o gestor, assim que possível, propicie ao profissional uma forma de compensar o desgaste extra”, sugere a presidente da entidade especializada em estresse, Ana Maria. Outra medida a ser adotada pela empresa é a implementação de um Programa de Qualidade de Vida.
Publicado na edição 238 - out/2011
Fonte: Revista Proteção

0 Comments:

Post a Comment




 

Layout por GeckoandFly | Download por Bola Oito e Anderssauro.