A promessa de uma casa mais segura no futuro começa a se tornar realidade agora. Da linha de produção das indústrias brasileiras e das importadoras não pode sair mais nenhum eletrodoméstico que não esteja certificado pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro). A portaria 371, voltada à segurança, principalmente, elétrica, abrange 97 famílias de produtos, o que resulta em mais de 300 itens. A lista vai do liquidificador à chapinha de cabelo, do aspirador de pó ao cortador de grama, passando por barbeador, churrasqueira elétrica, máquina de costura, fritadeiras etc. Pensou em eletrodoméstico, ele estará no rol de certificação. Os aparelhos sem selo que estiverem em estoque poderão ser vendidos no varejo até 2013. No entanto, a verificação da produção e da importação já está em curso. Para garantir que a norma, que começou a valer para produtores e importadores no dia 1o de julho, seja cumprida à risca, o Inmetro deu início ao um interminável cronograma de testes.

- A certificação compulsória desses aparelhos reduz o risco de acidentes em casa e também no ambiente de trabalho, para quem atua no comércio. Ela abrange, por exemplo, a cafeteira que temos na cozinha de casa e os modelos que funcionam em coffee shops e padarias. Só os equipamentos estritamente industriais estão fora dessas regras - informa Gustavo Kuster, gerente de Avaliação da Qualidade do Inmetro.

Selos de ruído e eficiência energética serão o próximo passo

Como várias empresas - 6.980 ao todo - fizeram a adaptação de seus processos em prazos inferiores ao estabelecido na norma, especialistas arriscam a dizer que o consumidor já pode até encontrar aparelhos certificados no comércio. Alguns eletrodomésticos, aliás, como fogões e geladeiras, já eram certificados dentro das regras da portaria 271, que se inspira na norma da International Electrotechnical Commission (IEC), usada, por exemplo, na União Europeia (UE) e nos Estados Unidos.

- As certificações são processos evolutivos. Os primeiros eletrodomésticos a cumprirem compulsoriamente os requisitos de segurança foram aqueles mais usados nos lares. Com essa portaria, abarcamos os 80% restantes. E outras certificações, como o selo de ruído e o de eficiência energética, virão pela frente para vários aparelhos - antecipa Kuster.

Nesta que é a quarta matéria da série sobre os bastidores do Inmetro, o gerente de qualidade do Inmetro esclarece como é estabelecido o critério de prioridade para as diferentes certificações do instituto:

- A segurança do consumidor é sempre o requisito prioritário, por isso alguns eletrodomésticos saíram na frente. Em casos em que o consumo de energia é bastante considerável, como micro-ondas e adega, postergamos a inclusão no rol da certificação compulsória para que a norma venha acompanhada do selo de eficiência energética. Na questão de controle de ruído em itens como secador, liquidificador e aspirador de pó, optamos por certificá-los na norma de segurança e depois introduzir os parâmetros de ruído - explica Kuster, acrescentando que muitos outros eletrodomésticos passarão pelo programa de eficiência energética.

O processo de certificação foi feito em conjunto com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) e com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Esta, aliás, celebrou um convênio com o Sebrae que visa a apoiar micro e pequenas empresas do setor no processo de obtenção do certificado.

Só com instalação elétrica adequada segurança é garantida

Milena Guirão Prado, coordenadora de marketing do Programa Casa Segura, comemorou a notícia da certificação compulsória dos eletrodomésticos. No entanto, teme que esta seja em vão se não houver instalação elétrica adequada:

- Um indicador para saber se a rede da sua casa está adequada é o uso de benjamins e de réguas para ligar os equipamentos. Ligar mais de um aparelho numa tomada sobrecarrega a rede aumenta o risco de curtos e incêndios e também a conta de luz. Estudo feito pelo Programa Casa Segura em edifícios com mais de dez anos, na cidade de São Paulo, revelou que 86% destes nunca fizeram reforma ou manutenção significativa na parte elétrica; 35% usam de forma permanente benjamins e extensões para ligar equipamentos; e 85% não têm o dispositivo diferencial-residual, responsável por desligar o circuito quando ocorre fuga de corrente elétrica.

- Acidentes e mortes por choque elétrico são muito mais frequentes no dia a dia das casas. As pessoas não têm consciência do risco e não relatam quando, por exemplo, sentem uma descarga elétrica ao ligar o chuveiro - diz Milena.

O Casa Segura a está realizando uma pesquisa para definir o perfil das vítimas de choques elétricos e as causas mais comuns. Para participar é só entrar no link. http://www.programacasasegura.org/br/outras-noticias/voce-ja-levou-um-choque-eletrico/

Fonte: O Globo, Luciana Casemiro - 28/8/2011. Página 40.


Postado por: Rodney Edilson Déa, Coordenador do Curso Técnico em Qualidade do Ensitec em Curitiba.

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