Brasileiros em ação na ISO

O ISO/IEC JTC1, o comitê conjunto da International Organization for Standardization (ISO) e International Electrotechnical Commission (IEC) responsável pela normalização internacional sobre tecnologia da informação, mantém um Grupo de Trabalho, dentro de seu Subcomitê de Sistemas e Engenharia de Software, que está mobilizando micro e pequenas empresas (MPE) brasileiras. Integrantes da Comissão de Estudo de Engenharia de Software e Sistemas – Perfis de ciclo de vida para micro organizações, essas empresas estão acompanhando a elaboração da série de documentos ISO/IEC 29110 e se preparando para adotá-la no Brasil.

A Comissão de Estudo, identificada como ABNT/CE-21:007.24, é vinculada ao Comitê Brasileiro de Computadores e Processamento de Dados (ABNT/CB-21). Atua como comitê espelho do grupo de trabalho internacional, originado em um movimento liderado pelo Canadá, que numa reunião da ISO, em 2004, identificou a necessidade de adaptação das normas existentes no ISO/IEC JTC1/SC7 à realidade das pequenas organizações.

“De acordo com o relatório SME and Entrepreneurship Outlook (2005) da Organization for Economic Co-operation and Development (OECD), as micro e pequenas empresas constituíam a forma dominante de organização em todos os países do mundo, respondendo por mais de 95% da população dos negócios, dependendo do país”, revela a coordenadora da Comissão de Estudo, Gisele Villas Boas.

A questão levantada pelo Canadá deu início a um importante trabalho que vem sendo desenvolvido, atualmente, com a participação de vários países, para elaboração de um conjunto de normas relacionadas a software e serviços de tecnologia da informação que seja adequado ao contexto destas micro-organizações, denominadas VSE (Very Small Entities).

No Brasil o cenário não é diferente, como observa Gisele: “Nossa indústria de software é formada por uma maioria esmagadora de pequenas organizações. A Comissão de Estudo de Engenharia de Software e Sistemas - Perfis de ciclo de vida para micro organizações foi então criada para acompanhar o trabalho que está sendo desenvolvido pelo ISO/IEC JTC 1 SC 7 WG 24, auxiliando na elaboração dos documentos, para que tenhamos, de fato, normas acessíveis às micro-organizações”.

O foco nas pequenas empresas, segundo a coordenadora, é a essência de todo trabalho. “O objetivo geral deste projeto é elevar a capacidade produtiva destas organizações por meio da melhoria dos seus processos produtivos, especialmente, em Engenharia de Software e Tecnologia da Informação”, ela explica, acrescentando que por se tratar de uma norma certificadora de reconhecimento internacional, a credencial de qualidade trará vantagens competitivas e facilitará a habilitação destas micro-organizações para exportação.

Participação ativa

A Comissão tem um plano de trabalho que define como objetivos principais: acompanhar as atividades do subcomitê internacional ISO/IEC JTC 1 SC 7 WG24 e participar ativamente do desenvolvimento da série de normas direcionadas às VSE, atendendo às reuniões internacionais e votando nos documentos que estão dentro do escopo de trabalho da comissão; conduzir ações para a adoção desta série como Normas Brasileiras; e conduzir ações de sensibilização do setor em relação às normas.


A série ISO/IEC 29110 traz um conjunto de documentos agrupados por perfis. O primeiro perfil, denominado genérico, destina-se à normalização de ciclos de vida para micro-organizações desenvolvedoras de software. Também está em desenvolvimento um perfil específico para empresas que seguem metodologias ágeis.


Três das partes da série 29110 já foram publicadas pela ISO (ISO/IEC 29110-2; ISO/IEC 29110-4-1 e ISO/IEC 29110-5-1-2). Também já foram traduzidas pela Comissão de Estudo e estão em fase de revisão. “Nossa expectativa é que a publicação aconteça ainda este ano”, anuncia Gisele.


“Na última reunião plenária do ISO/IEC JTC 1 SC 7, realizada em maio, na Franca, foi iniciado um novo trabalho, em conjunto com o ISO/IEC JTC 1 SC 7 WG 25 que trabalha na elaboração da série de normas ISO/IEC 20000, para atender às micro-organizações prestadoras de serviços”, informa a coordenadora.


Dez especialistas brasileiros compareceram a essa reunião, compondo a décima maior delegação, tendo à frente China, Índia, Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Austrália, Coréia do Sul, França e Canadá. “Esta representação nos dá o tom da importância que tem os trabalhos realizados pela ABNT e da responsabilidade que temos, no que diz respeito à participação no cenário internacional de normalização”, destaca Gisele Villas Boas. Ela participou das reuniões do grupo de trabalho sobre perfis de ciclo de vida para micro organizações, assim como a analista técnica da ABNT, Carolina Martins de Oliveira.


Uma característica apontada pela coordenadora é que, diferente de outros projetos da ISO, nos trabalhos relacionados com a série de normas destinadas às VSE há alguns aspectos inovadores, como, por exemplo, a criação de uma rede colaborativa que tem como objetivo disseminar a norma, apoiar e acelerar a sua aplicação nas organizações: o Network Center.


“Outro aspecto diferenciado é que, acompanhando as normas, estarão disponíveis Deployment Packages (DP) contemplando templates, orientações técnicas, ferramentas e outros mecanismos que possam apoiar e acelerar a implementação e execução dos processos”, destaca Gisele. Os NetCenters, como são denominados estes centros de apoio, auxiliam no desenvolvimento destas ferramentas. Participam desta iniciativa: Bélgica, Canadá, Colômbia, Finlândia, França, Japão, Luxemburgo, Tailândia e, desde maio, o Brasil, representado pela Riosoft, que formalizou um acordo de cooperação com a rede.


A Comissão de Estudo quer disseminar ainda mais o seu trabalho entre as MPE. Interessados em mais informações devem enviar e-mail para carolina.martins@abnt.org.br

Postado por: Rodney Edilson Déa
Fonte: http://portalmpe.abnt.org.br/noticias/Lists/Notcias/DispForm.aspx?ID=74


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